4 de março de 2014

Kill All Enemies | Melvin Burgess


“Você já teve a sensação de não se encaixar no mundo?”

Resolvi ler este livro apenas porque gostei do nome. Nunca tinha ouvido falar nada sobre e acabei me surpreendendo muito. Imagine três adolescentes  que só arrumam encrenca na escola e não ligam para nada. Agora imagine uma atmosfera cheia de bullying, violência e tensão familiar. Bom, é disso que se trata Kill All Enemies

Billie, Rob e Chris são três adolescentes britânicos, com comportamento diferente dos outros de sua idade e só conseguem arrumar confusão. À primeira vista parece que são pessoas mimadas e que só fazem o que querem, mas quando se mergulha no universo deles, a realidade é bem diferente.

Billie é uma menina durona e que arruma briga onde quer que seja. Mesmo quando não quer, acaba sempre batendo em alguém e é por isso que ela sofre constantes ameaças de ser expulsa da escola. Mas os seus problemas não se resumem a isso. Billie é irmã mais velha e tem uma mãe alcoólatra que deixou de cuidar dos filhos por causa da bebida. Por causa disso, ela assume as responsabilidades da casa, quando na verdade sua maior obrigação deveria ser apenas o colégio.

Rob é um garoto gordinho, orelhudo e vítima de bullying. Como se não bastasse a violência na escola, ele também não se dá bem com o padrasto e tomou para si o dever de cuidar do irmão mais novo. Ele usa a música para fugir da realidade e é fã da banda Metallica.

E finalmente, conhecemos Chris, um menino muito inteligente, nem um pouco egoísta e que adora ajudar os outros. O grande problema dele é a falta de interesse pelos estudos, motivo pelo qual sua relação com os pais não é das melhores. Seu maior sonho é abrir o próprio negócio.

É impossível não se apegar aos personagens e não sentir vontade de ajudar todos eles. Ao decorrer do livro, as histórias dos três vão se cruzando. Trata-se de pessoas sem esperança, excluídas por uma sociedade onde aparentar ter uma vida perfeita é o principal e maior objetivo de vida. Melvin Burgess queria contar a história de pessoas reais e mesmo tendo criado alguns personagens, omitido e inventado características e situações para outros, conseguiu deixar sua obra um tanto quanto verdadeira. E é por isso que o livro é tão bom. O que é narrado no livro acontece na vida real. E ver a realidade de gente com tantos problemas nos faz questionar o mundo em que vivemos. 

“Essa meninada, para mim, eles não são baderneiros – são heróis. Heróis da vida real. Estão abrindo mão de suas chances na vida para cuidar das pessoas que amam – isso é uma atitude heroica, não? E o que eles ganham com isso? O sistema se volta contra eles com todo o seu peso.”
 Minha maior preocupação no começo foi em relação aos capítulos, pois cada um é narrado por um dos personagens. Mas o autor liga muito bem os pontos e em momento nenhum a história fica confusa. A narrativa é fácil e rápida.

“Não é incrível como uma coisa simples pode mudar a nossa vida? Um milagre é isso. Não luzes piscando, corais de anjos e pessoas ressuscitando. Pode acontecer a qualquer hora e ninguém saber, a não ser a pessoa que estava vivendo aquilo.”
Kill All Enemies é um livro para pessoas de todas as idades. É cativante e surpreendente, e deve ser lido por qualquer um que procura uma história real e tocante  mesmo que não seja das mais leves .

Editora: L&PM
Autor: Melvin Burgess
ISBN: 9788525428271
Páginas: 262

5 de janeiro de 2014

O Substituto | David Nicholls


Quando ganhei O Substituto em um sorteio da editora Intrínseca fiquei muito empolgada por ser um livro do David Nicholls, um autor que a grande maioria gosta e, por conta disso, eu estava louca para ler uma de suas obras há tempos. E confesso que acabei ficando meio... decepcionada.

Stephen C. McQueen é um ator divorciado que passa boa parte da vida esperando a sua Grande Chance, mas tudo o que consegue é interpretar um esquilo numa produção infantil e ser o substituto de Josh Harper, o 12º Homem mais Sexy do Mundo (que nunca se machuca ou fica doente). Ele também acaba se apaixonando pela esposa de Josh, Nora, que é uma mulher inteligente e divertida  minha personagem favorita!  e a partir daí sua vida fica ainda mais bagunçada. 

Não é que eu não tenha gostado do livro. Eu não gostei do protagonista. David Nicholls escreve sobre pessoas que tinham sonhos que não deram certo e Stephen com certeza é um fracassado. Nada dá certo e nada acontece como o planejado. Mas o jeito que ele reagia às situações em que era colocado foi o que fez com que eu não gostasse do personagem. Claro que ele não poderia agir da melhor maneira frente a tantas desilusões, mas a forma com que o fazia me irritou muito. Apesar disso, ele possui uma característica admirável que é a sua perseverança, a vontade infindável de fazer o que ama e alcançar seus sonhos.

 “Fazer um bom trabalho. Encontrar a coisa que você adora, e fazê-la com todo o coração, no melhor de sua capacidade, sem se importar com o que as pessoas disserem.”

O autor tem uma narrativa muito bem-humorada e às vezes até sarcástica, que flui fácil e nos faz refletir sobre a vida. “E se nada der certo?” “E se eu não conseguir me dar bem fazendo aquilo que amo?” “Até onde devo ir para conseguir o que eu quero?” foi o que me peguei pensando durante a leitura.

Não é um livro ruim, só não funcionou para mim por causa do personagem principal. Talvez se tivesse gostado um pouco mais do Stephen, teria dado 5 estrelinhas no Skoob.

Editora: Intrínseca
Autor: David Nicholls
ISBN: 9788580573787
Páginas: 320

22 de dezembro de 2013

Aos amigos-anjos


Ultimamente tenho me emocionado toda vez que penso sobre amizade. É difícil perceber que o momento da separação se aproxima. Tantas risadas e lágrimas, emoções vivenciadas e conversas jogadas fora. Tantas vezes que algum problema falou mais alto e bastou um abraço para calá-lo. Tantos sonhos compartilhados. Tantos questionamentos que ainda não respondemos e outras tantas coisas que descobrimos juntos. Quantos pedidos de socorro seguidos por alguém segurando sua mão ao dizer: "eu estou aqui".  

Neste ano, sobrevivemos à pressão do vestibular, às inseguranças em relação ao futuro e a tantas crises e dores, que ponho-me a pensar se conseguiríamos superar tudo isso se não tivéssemos amigos por perto. Sem essas pessoas com quem não temos nenhum laço de sangue, mas que no decorrer dos últimos três anos acabaram tornando-se nossa segunda família.

Agora, o futuro bate à porta e temos que olhar para frente. Cada um vai seguir seu caminho e a nova rotina, os novos amigos, as novas risadas e os novos abraços vão tomar nossos dias e, em pouco tempo, o que vivemos juntos serão apenas lembranças.

Alguns serão como o vento, porque seguirão caminhos diferentes, mas o frescor de sua amizade acariciou nossas almas em algum momento. 

Outros serão como as estrelas, porque mesmo depois de irem embora, deixarão sua luz por muito tempo, e para quem diremos um "adeus e boa sorte".

E por fim, há aqueles que são como os anjos, que cuidam e protegem, para quem não há mais nada a dizer senão: "fique o quanto quiser". Aqueles com quem vivenciamos algo sublime, mágico, difícil de explicar. Que nos entendem com um olhar, que nos ajudam em momentos difíceis, que choram quando a dor nem é deles. Que fizeram com que nos sentíssemos invencíveis em meio a esse mundo tão infame. Que permanecem calados ao nosso lado nos fazendo bem só pelo fato de estarem ali. Esses sim, sabemos que ficarão pra vida toda ou, no mínimo, por muitos e muitos anos.

Li uma vez que a amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente. E não encontrei outra definição mais verdadeira. Por isso, agradeço aos amigos-anjos. Pela sintonia, admiração, confiança, lealdade, cumplicidade e afeto. Por saber que esses não irão embora tão cedo. E por essa relação linda chamada amizade, que, como diria Mário Quintana: é um amor que nunca morre.

31 de agosto de 2013

Paixões que nos movem


A vida sem amor não é nada. E não me refiro ao amor entre um casal, mas sim àquele que tem o poder de te deixar feliz mesmo estando sozinho. Afinal, o que nos faz levantar da cama todos os dias e enfrentar as lutas de sempre?

No meu caso, é a paixão pelas palavras. Desde pequena gostava de folhear livros e imaginar o que aquele conjunto de letrinhas queria dizer. E é engraçado porque hoje não consigo imaginar como é não saber ler. Minhas amigas me achavam estranha porque aos nove anos li o meu primeiro livro "de verdade". Aqueles sem figuras. Até aí, tudo bem. O estranho para elas é que ele tinha quase duzentas páginas e eu o devorei em dois ou três dias. Mas esse era só o começo. Desde então sempre que posso estou admirando os livros nas bibliotecas e livrarias e sofrendo por não poder ler todos que tenho vontade (quem é leitor me entende!). Nada melhor que mergulhar em uma história tão diferente da minha e conhecer personagens que tocam e emocionam. Posso dizer com orgulho que em uma vida, vivi várias. Prazeres que os livros nos proporcionam.

Junto com os livros veio a paixão pela escrita. Desde sempre sou completamente apaixonada por palavras. Ainda tenho um papel que comprova que isso também veio da infância. O que uma criança faz durante as férias? A resposta é óbvia: elas brincam. E é verdade, brinquei muito mesmo. Mas uma vez cansei de brincar e falei para minha mãe: "Por favor, fale alguma coisa para que eu escreva sobre ela!" E foi assim. Em uma folha e meia inventei alguma história boba que aconteceu dentro de um circo. Hoje já não faz nenhum sentido mas lembro da sensação boa que aquilo me trouxe na época.

E é essa paixão que me faz viver. Meu sonho de ter uma biblioteca em casa e viver no meio dos livros. De escrever e ter um público que goste da minha visão do mundo. De ter livros meus por aí e que eles despertem nas pessoas o amor despertado em mim.

Tem também a paixão pelos meus amigos, minha família. Pessoas que me fazem feliz e que também acreditam nos meus sonhos. Que sem ao menos perceber mudaram quem eu sou por deixarem um pedacinho delas comigo. Que me alegram e me fazem querer estar perto delas. Nada é melhor que estar perto de quem a gente ama.

Fora a vontade de conhecer o mundo. Pisar na terra da rainha, ver a Torre Eiffel de pertinho, tocar a neve, passear pelas ruas de Nova York, andar em Brighton, admirar as construções da Itália. Conhecer culturas diferentes e entender que o mundo é muito maior do que parece. Nada mais enriquecedor para a alma do que isso.

É isso que me move. Meus sonhos, os livros, as pessoas. Não só grandes inspirações como Fernando Pessoa, Drummond e Cecília Meireles, mas também as que estão ao meu redor e fazem parte de mim. Parando para pensar bem, o conjunto de tudo isso é que é a minha grande e maior paixão: a vida.

10 de julho de 2013

[Lista] - 6 razões para gostar de ler


Como eu sei que nem todo mundo gosta de ler, resolvi listar algumas razões que podem servir de incentivo para quem ainda não tem esse hábito que além de muito prazeroso, só traz benefícios.

01. Tenha mais assunto
Quanto mais você lê, mais assuntos você domina e sabe falar sobre. Por exemplo: quando eu tinha 10 anos, nunca tinha tido aula sobre a 2ª Guerra Mundial, mas mesmo assim sabia conversar sobre o assunto, porque já tinha lido O Diário de Anne Frank, onde aprendi muito sobre a guerra e o sofrimento dos judeus.

02. Tem sempre alguém que te entende
Seja o autor, um dos personagens ou alguém que gosta do mesmo livro que você. Uma das melhores sensações para mim é quando estou lendo e encontro aquilo que penso/sinto em um parágrafo. E melhor ainda é quando acho uma pessoa que gosta do mesmo livro que eu. Isso rende horas e horas de discussão sobre a mesma coisa: opinião sobre o fim da história, qual o personagem preferido, etc. (E olha o tópico 1 aqui de novo!) 

03. Conhecimento nunca é demais
Cada livro nos traz uma história diferente e podemos tirar proveito de todas elas. Não importa se você está lendo sobre a guerra, alguém com câncer, um defunto autor, a vida no circo ou uma menina que perdeu os pais ainda pequena. Sempre há algo novo para aprender e os livros estão aí para isso!

04. Viaje sem sair do lugar
Além de um ótimo método de relaxamento e excelente forma de trabalhar a imaginação e a criatividade,  a leitura pode te levar para lugares onde você nunca esteve antes. Por exemplo: no livro que estou lendo os personagens vivem em Siena. Nunca estive na Itália antes, mas quando leio parece que consigo até mesmo respirar os ares de lá e viajo imaginando as lindas construções que a autora descreve.

05. Vocabulário
Não adianta. Só fala e escreve bem quem lê. É bem mais fácil se expressar quando se tem conhecimento sobre um maior número de vocábulos. E também fica bem mais fácil escrever uma palavra quando você sabe que já a viu em algum lugar antes. Isso pode parecer bobeira, mas em uma entrevista de emprego ou qualquer outro ambiente mais formal, falar e escrever corretamente é essencial.

06. O mundo precisa de pessoas que pensam
Além de nos ajudar a criar uma opinião própria sobre determinado assunto, um livro nos faz aprender a pensar e questionar o que está ao nosso redor. De pessoas que agem e pensam sempre igual, o mundo já está cheio. Lembre-se: nunca é tarde para mudar e aprender a pensar por si mesmo.

É isso. No começo é mais difícil, mas depois de alguns bons livros é impossível parar de ler. Tentei colocar coisas que sei por experiência própria, usando exemplos que eu mesma vivenciei. Espero que tenha conseguido dar um empurrãozinho em quem ainda não tem esse hábito maravilhoso. Livros só trazem coisas boas, gente! :)

Ah! Quem tiver alguma outra boa razão para gostar de ler e quiser compartilhar, é só colocar aqui nos comentários.